Alguns críticos dizem que adultos deveriam se envergonhar por ler livros juvenis. Estão errados
O sucesso de A culpa é das estrelas nos cinemas e nas
livrarias é uma notícia excelente para o mercado literário. Deveria ser
comemorada por qualquer pessoa que acredite num futuro em que o hábito de ler
seja mais difundido. Mas os pessimistas de sempre não perderam a chance de se
manifestar. Para alguns críticos literários e leitores elitistas, qualquer notícia
é má notícia. A popularidade dos livros juvenis, em vez de ser um alento, é um
desastre irremediável.
Um artigo publicado há algumas semanas pela revista digital
americana Slate sintetiza a opinião da turma do contra. O título já
diz tudo: “Adultos que leem livros para crianças deveriam se envergonhar”. Ao
longo do texto, a jornalista Ruth Graham lista motivos pelos quais adultos não
deveriam perder seu tempo com A culpa é das estrelas e outras
obras do gênero. Diz que os livros são inocentes demais, incentivam uma leitura
acrítica e oferecem uma gratificação instantânea. Para jovens leitores em
formação, seriam um mal necessário. Mas os milhões de adultos que se
emocionaram com a história narrada por John Green deveriam ter vergonha disso –
e procurar um livro para adultos imediatamente.
Ruth não está sozinha. Em qualquer conversa sobre literatura é possível
encontrar leitores que manifestam, com ar de superioridade, opiniões
semelhantes a essa. Histórias policiais, fantásticas ou romances adolescentes
são vistos como subliteratura. Seus fãs, consequentemente, são subleitores. Bom
mesmo é ler autores clássicos ou, na falta deles, uma meia dúzia de
contemporâneos que tentam imitá-los.